quarta-feira, 4 de abril de 2018

Escrita Automática VI - Pedra.

gosto pouco da ausência
prefiro pequenas brechas
tempo
pra
respirar

te vejo de longe
tragando os ares
alargando as brechas
como se eu fosse uma jaula

eu não quero ser jaula
de ninguém além de mim

todos os meus lados bons
estão arquivados em tempos passados
parece
agora só tenho defeitos
maus jeitos
sempre a mais
amando a mais
esperando a mais
sentindo a mais
sempre sou coisa demais
apesar de me sentir bem menos
pequeno
uma caixinha de fósforo
ainda asfixiante o bastante

sou uma jaula de grades abertas
entra na minha prisão quem quiser
e quase sempre ao notar
o espaço de dentro da coisa bonita
você desespera, corre, grita
quando as grades continuam espaçosas
pra você ter ido embora antes
a qualquer momento
nunca precisei de aviso
comigo
eu mesmo resolvo
curo
finjo de morto
mas resolvo
mesmo sendo cárcere
me pego às vezes na vontade
de, igual a você, assim
voar pra longe de mim