sexta-feira, 2 de agosto de 2024

 

para esquecer é preciso de coragem

também

porque o retrato de mim que ela leva consigo

rapidamente não será mais eu; e respectivamente

lembrarei de alguém que não mais existe

me perguntarei se ainda amo alguém

que já foi levada pelo tempo


essa é a armadilha que armei para mim mesma

quando resolvi ficar a mais

sendo um alvo invisível


está tudo bem comigo;

exceto pela vontade imensa

de nunca ter largado tudo

como seria? onde eu estaria agora?

talvez aqui, no mesmo lugar

escrevendo fagulhas que um dia foram raiva;

e hoje não são nada

além de frustração, que, por sua vez,

às vezes se disfarça de sentimento nenhum

então é realmente como se eu não fosse capaz

de sentir.