para esquecer é preciso de coragem
também
porque o retrato de mim que ela leva consigo
rapidamente não será mais eu; e respectivamente
lembrarei de alguém que não mais existe
me perguntarei se ainda amo alguém
que já foi levada pelo tempo
essa é a armadilha que armei para mim mesma
quando resolvi ficar a mais
sendo um alvo invisível
está tudo bem comigo;
exceto pela vontade imensa
de nunca ter largado tudo
como seria? onde eu estaria agora?
talvez aqui, no mesmo lugar
escrevendo fagulhas que um dia foram raiva;
e hoje não são nada
além de frustração, que, por sua vez,
às vezes se disfarça de sentimento nenhum
então é realmente como se eu não fosse capaz
de sentir.