nem lembro quando comecei
mas ele vem escalando minha garganta
desde que eu comecei a respirar
eu acho
tem uma forja em algum lugar dentro
algo está sendo feito.
moldado em material intransponível
até lá um mar de lava no meu estômago
vou derretendo pra dentro
a pele escorrendo banha as entranhas
recobre-as
as células se multiplicam
não consigo vê-las, mas sei que são disformes
algo está sendo gerado.
até lá coceiras e manchas pelo corpo
quente demais para sobreviver ao frio
ainda excessiva em lugares mornos
possível somente em altíssimas temperaturas
onde nada consegue resistir ao calor
desejar o sólido
e ao tocá-lo
torná-lo líquido
e ao tentar contê-lo num abraço
fazer evaporar
asas de brasa
tornam cinzas os mecanismos
que as fariam funcionais
ainda muito engenhosas
para usar sem se queimar
algo está ganhando o céu feito cometa
até lá segue confundido
com um desastre.
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