quero ser esquecida por você
sem amenizar
sem esconder de si lembranças no quarto
para encontrar depois, por acaso
essa é uma carta de amor impossível de ler
o presente da possibilidade
de viver sem precedentes:
quero ser esquecida. não-delineada.
transpor as linhas do seu pensamento
rumo à liberdade de não ser conhecida
de proteger o imprevisto
de decidir pelo que vai me matar,
eventualmente, matar o seu desejo
de lembrar de mim, dar-me forma,
performar-me
como se eu não fosse inalcançável.
não quero ir esmaecendo de sua cabeça
quero ser esquecida agora, com urgência,
sem despedidas e sem saudades,
imediatamente liberta da expectativa de ser.
deixar sumir é um gesto lisonjeiro
um carinho que se faz na distância
sem dedos, sem pele, sem esforço,
telepaticamente resguardada
e instantaneamente eterna.
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