rezei para as nuvens
e não sei se pedi para que te levassem embora
ou que te trouxessem de volta
porque na verdade você nunca esteve aqui
sempre mudando e atravessando a terra como a névoa
não dá pra segurar um rio com as mãos
mas dá para sentir o sabor das águas desmanchar na boca;
tenho agora em mim o cheiro dos seus líquidos
a lembrança quase sumida dos seus carinhos
e o cheiro do meu sangue que ficou na sua pele
como uma marca entalhada
que agora você exibe como ferida e brasão
simultaneamente
sua dor e sua conquista
eu que pensava que não era das águas
agora me afogo em lágrimas que eu não sei se são minhas ou suas
por não ter mais pra onde voltar
então volto a ir embora
eu sempre estou indo embora
porque não tem lugar para mim em casa alguma
sigo me mudando para residências que não são minhas
e abandonando um pedaço meu em cada uma delas;
um presente e algo jogado fora
ao mesmo tempo
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