gelo, água, granizo
o sistema nervoso de uma nuvem
se anchimallens choram quando atingem o solo
talvez desejem voltar
ao princípio
nem todas as coisas começam lá em cima
mas raios globulares e redemoinhos no mar
dizem que o fogo fátuo tem um lugar para retornar
terra ou céu aqui viram uma coisa só
raios não são uma guerra proclamada pelas nuvens
fônons em seu ciclo vital; queimam-nos
como um convite à dança da vida
relâmpagos não são fogos de artifício
tanto quanto não existe uma bomba sequer
lançada ao acaso
trovões não são só ar expandido
se os cães correm quando ouvem o seu estrondo
é porque talvez saibam a direção
satélites não estão a salvo da eletricidade
nem flutuam no vácuo
mas esta é uma conversa que só pode acontecer
embaixo da terra
a violência das descargas celestes
nada têm a ver com o desejo humano pela guerra
até porque não haveria Homo Sapiens
se o planeta não tivesse sido uma vez resfriado
pela sombra das nuvens
para parar de falar das supernovas como objetos,
é preciso primeiro sentir o que uma estrela sente
para começar a falar da Terra como fenômeno,
é preciso primeiro ouvir os grãos de poeira subindo aos céus
e virando chuva.
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