segunda-feira, 7 de abril de 2014

Cômodo.



Acontece que o caso causava uma cacofonia contundente. Catorze cavalos enclausurados num casebre decadente. Cantavam canções, contavam causos, cavavam cumes com os cascos de carbono. Cor-de-cobre, as correntes: da culpa eram crentes, acovardados. Carentes, mas não acordados.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

O corredor.

Às vezes acho que posso enxergar a minha vida como um corredor vazio. Um imenso corredor vazio e sem saída. Junto ao corredor, existem vários outros que se ramificam perpendicularmente e que também se encontram sem movimento algum. 

Corredores vazios, para mim, têm uma forte simbologia de que tudo pode acontecer apesar de não. Em um momento, ao tocar de um sino escolar ou em horários de visita convergentes, o espaço pode se encher de gente vinda dos espaços transversais, de possibilidades. Num instante, a parede ao fundo é obstruída e ele, o corredor, parece não ter um fim. Os momentos de movimento, no entanto, são raros, escassos. São de uma insignificância dolorosa.


Estou cansado dos cantos poeirentos do corredor da minha vida. Farto dos armários abandonados, dos leitos sem paciente algum, dos mesmos livros nas prateleiras. Triste pela efemeridade do toque do recreio, apavorado pela eternidade do toque de recolher.


 A eternidade do toque de recolher.