sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A cidade desfere seu abraço distante
os olhos evaporam pelas janelas;
A vista do meu corpo discrepante
delineia todas as feridas abertas

Angústia, calor, frio na espinha
Pele úmida sobre o travesseiro;
Sem um rumo a alma definha
De sofrimento verdadeiro

Hoje não há estrelas no meio-céu
No meu céu
Não há estrelas no caminho.


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Cordão umbilical.

A gente supervaloriza o tempo
Meu bem, a gente supervaloriza
O tempo
E esquece todo dia
De lembrar que a alegria
Não depende dos ponteiros
Meu bem,
haverá tempo pro que houver
E o que não acontecer, não der
A gente finge que nem quis

sábado, 8 de novembro de 2014

Sentir saudade.

O amor é o sorriso-sorriso de todas as coisas;
início e fim das caminhadas
Um fio de distância escorrido no rosto
secado por gosto
e pálpebra fechada

Mas que a lembrança - parceira do tempo -
trança nas bordas do lado de dentro
da minha alma acesa

Um barulho que ecoa na funda luz
É uma gota de tinta:
colore, conduz,
não deixa despesa

Lágrima contida
nascida
do sorrir dos olhos
A fumaça-lembrança
que de longe alcança
a fenda do teu colo

É o grito-saudade
expelido com vontade
bem dos antros da garganta
Agudo, ferino, cantante
E que canta!

Não fossem as formas disformas
Dos ângulos da mente...
Não há abraço existente
Como o que não recebo agora.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Quando tu nasceste, menina,
Deus te prendeu no teu corpo
Mas a mente enjaulada transpira a sina
Rasteja no ar
Como um sopro,
menina,
não se deixe levar.

Não és este casco feio
O que transcende a pele
não reflete no espelho.