segunda-feira, 22 de agosto de 2016

As linhas tortas são de meu conhecimento.

não tente me aprisionar
em muitos braços
ou mãos
ou pernas
que eu

e
s
c
o
r
r
o

entre elas
e não grudo
não mancho
não
d
  e
    i
     x
       o
       r
     a
    s
   t
  r
o

nenhum.

Nunca vou recitar.

escrevo sempre que preciso
gritar

na garganta a voz é
baixa
rouca
pouca

quando grito
hesito
evito
tremo dos pés à cabeça
embora ela não esqueça
de quem já gritou comigo

assumo
sou viciado em calar
e sumo
sempre que tenho que falar
vivo de respirações ansiosas,
conversas silenciosas
que acontecem só no olhar,
monólogos me apavoram
e quando os sentimentos afloram
escondo-me
ou choro sem soluçar

escrevo
porque viver de engolir dói
a palavra, no estômago, corrói
abre úlcera
no papel, ela pulsa
convulsa
e sem gaguejar
expulsa
a dor de não saber falar