Braços presos nas costas. Tudo branco. Paredes de almofada. Tudo branco, sem cor.
- Mas branco não é uma cor?
- Cale-se, homem, me deixe pensar.
Não sei se controlo a minha mente ou a deixo livre pra pensar o que quiser. Seria mais fácil arrancá-la de meu corpo e deixá-la se confundir fora da minha cabeça.
- Deixe de besteira. Pensar é para os fracos.
- Você pode me deixar em paz?
- Não tem como, estou preso.
- Cale-se, então.
Às vezes mesmo o meu corpo perde o controle. Eu perco o controle. Ele perde o controle. É bem confuso tentar pensar que eu e ele habitamos um mesmo lugar. E eu não estou falando do quarto de hospício.
- É difícil ficar calado quando escuto os seus pensamentos.
- Tape os ouvidos, então.
- Saia da minha cabeça!
- Saia você do meu corpo.
É essa constante luta contra si mesmo que denomino loucura. Loucura puramente interior.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
domingo, 26 de setembro de 2010
Amor.
Amor? Isso nunca foi muito importante. Enquanto todos ao meu redor se estrebuchavam, contorciam, magoavam, gritavam, choravam, riam e eram felizes, eu simplesmente não amava, nunca.
Eu é que não quero amar! Amar é ficar vulnerável, não ser mais seu, sorrir quando não quer, chorar quando não precisa, morrer por outra pessoa, viver por dois. Se não é assim, não é amor.
Amor é irreal, surreal, coisa de livros. Amor é coisa psicológica que nasce de um afeto grande ou, algumas vezes, é problema mental. Tem gente que ama um hoje, outro amanhã e outro depois de amanhã. Mas amor não é coisa eterna, que martela o coração da gente até o próprio parar de martelar?
Amor bombeia nas veias, deixa sequela, deixa tontura, deixa alívio, deixa saudade, deixa mágoa, deixa ódio, deixa tristeza, alegria, euforia, ansiedade, decepção e aquele tanto de outras coisas que nunca passam. Nunca passam.
Amor é não ligar pro resto. É estar sempre disposto a tentar e estar, ás vezes, pronto para acabar. É não segurar as lágrimas, os sorrisos, as palavras; é não se segurar. É viver saltitante, serelepe, rodopiante. É ter sempre alguém na mente, seja chorando, seja sorrindo, seja gritando, seja caindo, pedindo ajuda, ajudando... Ah, amor é besteira!
Amor é irreal, surreal, coisa de livros...
Eu é que não quero amar! Amar é ficar vulnerável, não ser mais seu, sorrir quando não quer, chorar quando não precisa, morrer por outra pessoa, viver por dois. Se não é assim, não é amor.
Amor é irreal, surreal, coisa de livros. Amor é coisa psicológica que nasce de um afeto grande ou, algumas vezes, é problema mental. Tem gente que ama um hoje, outro amanhã e outro depois de amanhã. Mas amor não é coisa eterna, que martela o coração da gente até o próprio parar de martelar?
Amor bombeia nas veias, deixa sequela, deixa tontura, deixa alívio, deixa saudade, deixa mágoa, deixa ódio, deixa tristeza, alegria, euforia, ansiedade, decepção e aquele tanto de outras coisas que nunca passam. Nunca passam.
Amor é não ligar pro resto. É estar sempre disposto a tentar e estar, ás vezes, pronto para acabar. É não segurar as lágrimas, os sorrisos, as palavras; é não se segurar. É viver saltitante, serelepe, rodopiante. É ter sempre alguém na mente, seja chorando, seja sorrindo, seja gritando, seja caindo, pedindo ajuda, ajudando... Ah, amor é besteira!
Amor é irreal, surreal, coisa de livros...
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Preto e branco.
- Não dá mais.
Ele disse isso sem olhar em meus olhos e por mais falso que parecesse, acreditei.
O tempo, apenas o tempo era o culpado.
- Você tem certeza? - perguntei, em desespero - Não tem mais... volta?
O silêncio entre as respostas era tão grandioso que, durante ele, eu conseguia ouvir os meus tímpanos latejarem.
E a parte mais inquieta de mim batia sem parar, bombeando o resto da frustração.
- Não.
De repente, tudo estava mais deserto. Não éramos só nós dois, afinal. De repente, eu percebi que não havíamos apenas nós ali. Percebi que havia um mundo ao nosso redor. Percebi a praça, a igreja, o escuro, a angústia. Não havia mais espaço para mim em mim. Percebi que eu andava com as minhas próprias pernas. E o mais doloroso: vi que ele também podia caminhar sem mim.
Tudo em preto e branco.
Levantei-me do banco, controlando as lágrimas. Tudo parecia tão longe. Ele parecia estar tão longe. Não era a mesma coisa. Não éramos mais os mesmos.
- Não vá agora. - pediu, quase como uma súplica, para meu espanto - Ainda é cedo. Fique até as nove.
Nada disse, apenas voltei a sentar. O que eu sentia era algo muito maior que frustração, paixão, alívio, dor, desespero, amor... Abandono.
O silêncio nos matou lentamente naqueles poucos e derradeiros minutos; os últimos.
Eram oito e cinquenta e nove agora e não restava quase nada de nós.
- Agora você pode me deixar ir? - perguntei, mesmo sem ter certeza se a minha voz saíra ou não.
Ele apenas assentiu, fitando o chão, sem olhar para mim.
Ergui-me, enquanto o sino da igreja iniciava a sua batida.
Nove horas.
Os passos vieram instantaneamente, mesmo sem aviso prévio. Quando dei por mim estava indo embora, deixando a correnteza escapar das minhas pálpebras.
- Ei! - chamou ele, às minhas costas - Você não pode ficar até dez?
- Não. - balbuciei, antes de sair andando pela praça escura, em meio à torrente de lágrimas.
Ele disse isso sem olhar em meus olhos e por mais falso que parecesse, acreditei.
O tempo, apenas o tempo era o culpado.
- Você tem certeza? - perguntei, em desespero - Não tem mais... volta?
O silêncio entre as respostas era tão grandioso que, durante ele, eu conseguia ouvir os meus tímpanos latejarem.
E a parte mais inquieta de mim batia sem parar, bombeando o resto da frustração.
- Não.
De repente, tudo estava mais deserto. Não éramos só nós dois, afinal. De repente, eu percebi que não havíamos apenas nós ali. Percebi que havia um mundo ao nosso redor. Percebi a praça, a igreja, o escuro, a angústia. Não havia mais espaço para mim em mim. Percebi que eu andava com as minhas próprias pernas. E o mais doloroso: vi que ele também podia caminhar sem mim.
Tudo em preto e branco.
Levantei-me do banco, controlando as lágrimas. Tudo parecia tão longe. Ele parecia estar tão longe. Não era a mesma coisa. Não éramos mais os mesmos.
- Não vá agora. - pediu, quase como uma súplica, para meu espanto - Ainda é cedo. Fique até as nove.
Nada disse, apenas voltei a sentar. O que eu sentia era algo muito maior que frustração, paixão, alívio, dor, desespero, amor... Abandono.
O silêncio nos matou lentamente naqueles poucos e derradeiros minutos; os últimos.
Eram oito e cinquenta e nove agora e não restava quase nada de nós.
- Agora você pode me deixar ir? - perguntei, mesmo sem ter certeza se a minha voz saíra ou não.
Ele apenas assentiu, fitando o chão, sem olhar para mim.
Ergui-me, enquanto o sino da igreja iniciava a sua batida.
Nove horas.
Os passos vieram instantaneamente, mesmo sem aviso prévio. Quando dei por mim estava indo embora, deixando a correnteza escapar das minhas pálpebras.
- Ei! - chamou ele, às minhas costas - Você não pode ficar até dez?
- Não. - balbuciei, antes de sair andando pela praça escura, em meio à torrente de lágrimas.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Para todos aqueles...
Para todos aqueles que já perderam o tempo;
Que já perderam pessoas;
Que já perderam memórias;
Que já perderam os sentidos;
Que já perderam sentimentos;
Que já perderam chances;
Que já perderam sabores;
Que já perderam a graça;
Fundamentado aqui, está: "E quanto ao tempo?"
Que já perderam pessoas;
Que já perderam memórias;
Que já perderam os sentidos;
Que já perderam sentimentos;
Que já perderam chances;
Que já perderam sabores;
Que já perderam a graça;
Fundamentado aqui, está: "E quanto ao tempo?"
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