sexta-feira, 11 de junho de 2021

 ouvi passos indo embora e não fechei a porta 

 nada fiz 

 nada disse 

 estive muito pouco atenta aos caminhos que não estive 

 e todos eles me levam a crer 

 que estar é uma condição impossível: 

 ir também.

 em estado de esvair-me, sigo 

 a um relance de perder as estribeiras 

 que sempre foram gasosas 

 celas sublimam facilmente 

 e se rematerializam em outras prisões 

 construídas muito dentro da coisa 

 profundas demais para ecoar 

 sou prisão e sou fumaça 

 sou pedra e sou as migalhas 

 sólida e não mais ali 

 abro a boca e fecho túneis 

 fecho os olhos e sinto lava.