quarta-feira, 26 de maio de 2021

ontem esbarrei num sentimento 

que fez barulho de coisa oca 

revestimento demais 

uma cápsula despreenchida 

a rigidez das paredes ecoando por dentro.

tudo o que quebra armazena no vazio.

















quarta-feira, 12 de maio de 2021

quando a coisa cicatriza
queloidifica
rastro do que foi embora
ainda dolorido
faz aprender a não tocar ali
não mexer demais
tentar medicinas de desviar a atenção
para as zonas que ainda não se tornaram
calombos
carimbos
fenômenos marcados pela escavação da pele
memórias em forma de tez
como ecos, as células se multiplicam
recobrem, esculpem outras desfigurações
tudo o que se perde, torna-se
nem tudo o que evanesce é sublimação:
sentimentos avassaladores transfiguram-se
também em nada
nem tudo o que agora está, de fato, marca presença
um segundo na vida de quem passa
são séculos de quem mora
e é exatamente nesse momento
que os olhos enganam os sentidos.