minha tristeza está nas ruas
numa marcha lenta, fria
machucada nas mãos nuas
de dor, berra alto
o rosto arrastado no asfalto
aguardando acabar o dia
meu luto está no olhar indiferente
na pressa de toda essa gente
que pisa, cospe, ignora
mas que por dentro chora
de um vazio que lateja
peleja
e não vai embora
meu pranto, às vezes, é atropelado
por andar a pé
os carros vermelho-sangue
voltam pra perto do mangue
sem saber o quão triste é
ser deixado de lado
minha lágrima quando sobe o morro
abre a boca pra pedir socorro
mas de tão vivida
cala
bebe um copo d'água
para acalmar a mágoa
de nunca ser ouvida
depois ela senta no chão
enxuga o rosto com a mão
ajeita bem o papelão
e dorme tão tranquila
quanto os pés que a pisoteiam
quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
quarta-feira, 6 de janeiro de 2016
Tubular Bells.
[...]
Virei a esquina e tudo parecia ainda mais escuro. Somente um poste luzia no meio da rua; sua luz, no entanto, oscilava.
Algumas calçadas mal iluminadas exibiam silhuetas que projetavam a imagem de algo que poderia ser desde escombros de uma construção acabada à uma pessoa abaixada, à espreita.
Respirei fundo.
Segurei mais forte as alças da mochila e caminhei a passos largos, mal levantando a cabeça para enxergar o que estava ou o que não estava no meu caminho.
Na casa de andar da rua, alguém esperava de pé na varanda. Sua cabeça parecia estar virada em minha direção.
Foi então que, sob o poste, encontrei aquilo que aterroriza os meus sonhos até agora.
[...]
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