sexta-feira, 6 de julho de 2018

Menina.

enquanto reforçam forçam
os paus em você
o seu pau em você
mistificam os pelos do seu corpo
e pelo seu corpo desenvolvem apego nojo
deleitam-se em manter-te como a imagem refletida
em superfícies pouco nítidas
essa pica não sou eu

mutilam-te pela mente
desmentem
sua identidade
resumem tudo ao vestido ao cropped
à fala de tom ferino
fe mi ni no
querem que ande desarmada de você
desalmada
uma carcaça desabitada
orando terços inteiros pra continuar
masculinizada

cunetes curras dentro de banheiros
estar sempre aberta pra paus forasteiros
resvalarem seus medos
sempre em segredo
sair sangrenta de corpo e sentimento
esporrada enterrada em cimento
sete palmos mais distante de reconhecer-se

matam o meu corpo mas eu não sou uma só
matam o meu corpo e eu não sou uma só
podem matar o meu corpo mas no terceiro dia
morre outra 
se renova a profecia

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