segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Faço questão de não entender o que eu digo.

só lá fora o tempo passa
- aqui dentro eu sou a mesma -
os mesmos sonhos desde criança
a mesma aversão ao meu corpo prisão
as janelas abertas da alma não mais existem
sobrevivo pouco
reflito demais sobre nada
cada passo um milhão de anos
um bocado de cicatrizes
nos pensamentos da minha cabeça
sem dinheiro para apagar a conta
pago muito do que não tenho
para continuar de pé no parapeito
sem coragem nenhuma de dar o passo
eu não passo
permaneço a mesma sem asas
ou amortecedores
da queda restam só as dores
pernas mancas
para gritar em silêncio
precisei ficar tão distante
que não entendo mais a necessidade
de caminhar sem rumo ou com rumo
tanto faz
não tenho chaves tilintando no bolso
tampouco fôlego
- permaneço cansada -
não falo,
não aponto,
não vejo mais nada
até o ponto de não mais me notarem
à beira
sou túmulo
de mim mesma

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