segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Subcutânea, subterrânea.

pressa boa 

essa de querer ter te encontrado ontem 

de já ter fugido com você 

e eu só te conheci hoje 

tempos de pessoas apaixonadas são indomáveis 

decepcionantes, empolgantes

extremamente frustrantes 

causam frios na barriga 

anunciam tragédias a nível planetário 

e meu planeta agora em direção ao seu 

não por guerra, mas por atração 

descontrole orbital 

desconforto estomacal 

de borboletas alienígenas penduradas 

nos omentos das minhas entranhas; 

venenosas, injetam logo no meu sangue 

essa vontade de também sair 

dos casulos; gosto de ser arrancada 

de dentro das minhas carapaças, 

ecdise sem aviso 

indefesa só consigo me perguntar 

se você geme enquanto beija 

e qual é o gosto que eu vou deixar na sua boca. 


sabor de voo, tô de asas novas 

as fotos não fazem jus ao seu cheiro 

que eu já sei que é de alfazema 

o mais gostoso e traiçoeiro dos perfumes; 

vou chegar pousando em suas blusas de flores 

lamber o pólen dos seus lábios:

a doce ou amarga expectativa 

de contar mil beijos na sua nuca 

e me encontrar, em seguida, dormindo afundada nela 

estava entediada até chegar a primavera.



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