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Novembro. Li a indiferença nos olhos dele. No entanto, não é a mente incansável em sua busca por felicidade? Na fuga da dor, regamos brotos de felicidade perpetuamente, tortuosamente; mudas inférteis de um destino que não existe senão por meio do delírio. Chego a me perguntar se é a vida que me priva a fortuna em demasia ou se fui eu a me apaixonar somente pelas improbabilidades no caminho.
Tenho um jardim de flores murchas. Cada muda parecia única, a princípio, mas o olhar já não as difere uma da outra: são todas pedaços amarronzados e fétidos do que o destino escolhera para mim. Como companheiro inseparável tive não o amor, mas o azar. O tropeço que gera o impulso a me colocar sobre os ladrilhos errados em todas as bifurcações.
Ciente da minha incapacidade, agora, recolho-me à minha própria alma. Quão monótona pode ser a vida quando não há fogo a ser alimentado?
Dezembro.
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